DETALHES
DA INGRATIDÃO
Conta-se
que em Londres vivia um funcionário da limpeza pública chamado Mollygruber.
Idoso,
era estimado por todos pelos valores morais que cultivava.
Uma
manhã, quando recolhia o lixo do parque onde trabalhava, viu que um menino se
debatia desesperadamente nas águas do lago. Logo percebeu que o garoto estava
se afogando.
Pessoas
se aglomeravam, assistindo curiosos, barulhentos, sem nada fazer em auxílio à
criança.
O velho
trabalhador, embora com suas dores reumáticas, se atirou na água gelada. Com
dificuldade, trouxe o menino são e salvo, de volta às margens do lago.
Dada sua
saúde precária, caiu desmaiado ali mesmo. A ambulância foi chamada e ele foi
levado ao hospital.
Seu feito
logo ganhou as páginas dos jornais.
Enquanto
isso, a mãe do menino que fora salvo, chegou ao local e começou a examinar o
filho, totalmente transtornada.
Em dado
momento, olhou para a cabeça do menino e notou a falta do boné que ela dera de
presente a ele, naquele dia.
Começou a
gritar e a reclamar, dizendo que o velho roubara o bonezinho do seu filho.
E exigia
que trouxessem de volta o boné. Como ninguém lhe atendesse o desejo, por
totalmente descabido, ela foi até o hospital.
Nem se
dera conta de que a vida de seu filho, o bem mais precioso, fora preservada.
Que, graças a Deus, ele estava bem porque fora retirado da água, antes de ficar
enregelado.
Não. O
que ela queria era o bonezinho do garoto.
Chegando
ao hospital, exigiu ver o velho que realizara o furto. Tanto gritou e fez
escândalo, que o médico de plantão, indignado, lhe disse:
Se a
senhora não deixar o nosso herói descansar e se recuperar em paz, eu chamo a
polícia para prendê-la.
Com o
choque, a mulher se calou e foi para casa.
No dia
seguinte, o idoso trabalhador morreu. Os moradores da região, onde ele vinha
servindo com retidão, há anos, inundaram o parque de flores e de letreiros com
mensagens de gratidão.
Era a
sincera homenagem a quem doou a própria vida para salvar uma criança
desconhecida.
Por
vezes, esquecemos de ser gratos a dádivas que nos são ofertadas.
Em vez de
lembrarmos das alegrias que nos chegam, dos amigos que nos brindam com sua
presença, lembramos somente da maldade com que fomos alcançados em algum
momento.
Assim, um
amigo nos oferece seu carinho e atenção por anos. Certo dia, em que ele não
está bem, e nos dirige uma palavra infeliz, de imediato o descartamos de nossa
convivência.
E, dali
por diante, a todos os que encontrarmos, diremos da nossa mágoa, da agressão
que recebemos, da má educação do ex-amigo.
Contudo,
nos dias de felicidade e bem querer, não ficamos alardeando tudo o que aquela
pessoa nos ofereceu.
Esquecemos
de que passou a noite conosco, no hospital, quando nos acidentamos e nossos
familiares estavam distantes.
Olvidamos
que nos estendeu a carteira farta, nos dias das nossas necessidades, nunca
pedindo pagamento dos dispêndios que teve conosco.
Não
recordamos dos dias de alegria das férias compartilhadas, dos passeios
realizados, dos momentos em que nos alimentou a alma com a sua alegria e
disposição.
Pensamos
somente no ato infeliz de um dia, de um instante.
Pensemos
um pouco se, ante as bênçãos que nos chegam, não estamos agindo como aquela
equivocada mãe.
Pensemos...
Redação do Momento Espírita com base em antiga história de Lobsang
Rampa
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