“A todos que o receberam, aos que crêem em seu nome, deu ele o
direito de se tornarem filhos de Deus: os quais não nasceram do sangue, nem da
vontade da carne, nem da vontade do homem, mas sim de Deus”. (Evangelho)
A qualidade de filho
pressupõe a de herdeiros. Os filhos herdam dos pais; herdam em todo sentido: –
material e moral. Do físico, herdam traços fisionômicos que recordam a
paternidade. Do moral – pela convivência; pelo exemplo e pela educação – herdam
predicados e virtudes.
É por isso que certas crianças,
logo à primeira vista, despertam na imaginação de quem as vê a lembrança dos
seus pais. Nem sempre, convém notar, essa recordação é sugerida pelo plástico
da criança, mas, particularmente, pela aura que a envolve. Essa aura, às vezes,
acha-se tão em harmonia com o astral ascendente que a figura do pai como que
aparece, numa cambiante, fundindo-se na figura do filho.
Segundo a palavra
evangélica, o homem torna-se filho de Deus somente depois que aceita e põe em
prática a moral divina revelada por Jesus Cristo. Antes disso, é criatura de
Deus, ou seja, filho presuntivo, apenas.
De fato, como ser filho
sem ser herdeiro? Onde a herança paterna que testifique a filiação?
Deus é espírito, e em
espírito e verdade deve ser procurado. Como pode, portanto, o homem ser filho
de Deus sem que reflita a imagem espiritual do Pai? Como pode ser filho de Deus
se ainda não herdou os predicados e atributos que exornam o caráter da
Divindade? Como há de ser filho de Deus se não se vê Deus através da aura que o
envolve?
Como há de o homem ser
filho de Deus – que é puro espírito – se ele é todo animalidade, nada deixando
transparecer de espiritual?
Em verdade, como
acertadamente ensina o Evangelho, o homem só se tornará filho de Deus quando se
decidir a acompanhar as pegadas de Jesus, quando se identificar com o Cristo, o
Unigênito do Pai neste planeta.
Livro: Nas Pegadas do Mestre
Autor: Vinicius (pseudônimo) – Pedro de Camargo
8ª Edição em 1992 – Editora Federação Espírita Brasileira (FEB)
–
Páginas: 298 e 299 – Brasília-DF – 1933
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