sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

Nossos Natais

Toda vez que o Natal retorna, cantando Hosanas, aciono as lembranças dos Natais da minha infância. 
Na tela do pensamento, repasso imagens daqueles dias vividos, no seio da família: pais, avós, irmãos. 
Dias tão diversos dos atuais. Dias em que a TV ainda não chegara ao nosso lar e o que nos ligava ao mundo, naquele distante rincão, eram as ondas radiofônicas. 
Recordo que os dias que antecediam o Natal eram de agitação. Minha irmã era muito criativa e, juntas, fazíamos a decoração da casa. 
Laços de fita colorida se mesclavam ao verde de pequenos ramos que retirávamos das árvores do quintal. 
Os presentes eram escassos: um para cada criança. Éramos cinco. 
No entanto, de forma miraculosa, quando a família adentrava a sala, para a troca tão esperada, havia pacotes e mais pacotes. 
Pacotes coloridos, de tamanhos e formas diversas. Leves, pesados, pequenos, grandes. 
Era o nosso milagre particular. Tomávamos, minha irmã e eu, de pequenos mimos, esquecidos em gavetas e armários, lavávamos, políamos e providenciávamos embrulhos. 
O momento da distribuição era de surpresas contínuas. A pessoa tomava do pacote e tentava adivinhar o que continha. 
Seria um presente de verdade ou uma brincadeira? Por vezes, colocávamos algo minúsculo em caixas de variados tamanhos. 
E lá ficava um de nós, entre a emoção e a ansiedade de todos, desembrulhando e desembrulhando. 
No final, havia sempre risos. Às vezes, era apenas um seixo liso, colhido em passeio familiar e zelosamente guardado para a ocasião. 
Ou então, era uma concha sui generis, fruto de uma ida à praia. Um livro emprestado, lido e que retornava, dessa forma, às mãos do dono.
Surpresas e mais surpresas. As crianças participávamos com risos, gritos, exclamações! 
A figura de Papai Noel jamais adentrou a nossa casa. Desde muito cedo, aprendemos que nossos pais e avós faziam grandes sacrifícios para conseguir brindar a cada um de nós com um brinquedo. 
E nós lhes dávamos lembranças, feitas por nós, entre o carinho e a inabilidade de nossas mãos. 
Depois, era a ceia, servida em baixelas de porcelana, especialmente reservadas para dias importantes como o Natal. 
Presente de casamento! – Informava nossa mãe, para atestar da importância de todos aqueles pratos. 
E bebíamos em copos de cristal, que nos requeriam todo cuidado. 
Todos brindávamos, com guaraná, cujas bolhas, provocando cócegas, mais nos faziam rir. 
Dias felizes. Natais passados em que não faltava o momento de oração ao Divino Aniversariante, o mais importante convidado. Porque, afinal, só se tinha festa, porque Ele estava aniversariando. 
Hoje, quando os anos se transformaram em décadas, agradeço a Deus pelos Natais de tantas venturas familiares. 
Agradeço pelos amores que me deram alegrias, tantas e multiplicadas para recordar. 
E lhes digo, desejando ouçam no mundo espiritual, onde se encontram: Feliz Natal, vovô, vovó, pai, mãe, irmãos queridos da minha alma saudosa! 

Redação do Momento Espírita.
Em 23.12.2011

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