Dentre as afirmativas de Jesus, algumas há
que, para entender, é preciso meditarmos em profundidade a seu respeito.
Uma delas é a seguinte: "eu vim para
que tenhais vida, e vida abundante."
Será que Jesus trazia vida para quem já
estava na vida e vivo?
Certamente que não.
Ele era portador de uma mensagem de vida
espiritual para quem se encontrava num contexto de vida mortificada.
A vida espiritualizada, a que Jesus se
referia, corresponde a toda atividade da alma que exprime fidelidade ao bem, à
alegria, ao trabalho digno, à esperança.
Essa vida interior também se nutre da
convivência fraterna na sociedade, do cultivo das virtudes, da eliminação de
tudo o que represente viciação, corrupção, morbidez.
Em contrapartida, a morte será indicada
por tudo o que insufle ou alimente a traição, a ignorância, a prostituição dos
costumes, o desrespeito às bases da família, a exploração do homem pelo homem.
Essa morte moral é fermentada pelo descaso
para com os movimentos de progresso de si mesmo, quando se prefere o
nivelamento do ser pelas faixas inferiores da alma humana que, em muitas
situações, se assemelha aos níveis da selvageria, quando não os ultrapassa.
A vida que Jesus veio trazer não é aquela
que faz vicejar corpos esbeltos, mas aquela que faz brilhar almas formosas.
Por isso é que Ele se dirigia a quem se
movia em corpos carnais, mas que padeciam de indescritíveis torturas da alma.
Daí Ele ter falado em vida abundante a
quem se habituara a uma vivência mesquinha, empobrecida, apequenada.
Sua lição é, assim, para todos os tempos e
povos, pois, quando encontramos sociedades ricas e homens pobres, medicinas
desenvolvidas e homens enfermos, estados poderosos e homens escravos, uma
grande variedade de religiões, e homens egoístas e materializados à busca de
prazeres efêmeros, sentimos a razão da mensagem do Mestre Nazareno: "eu
vim para que tenhais vida."
Permitamo-nos buscá-la, permitamo-nos
vivê-la para que experimentemos a ventura dentro d’alma, desde aqui, das lidas
terrenas, aclimatando-nos, pouco a pouco, à vivência ditosa junto aos
Emissários da Vida Maior, que refletem, junto a nós, o pensamento do Cristo.
Ele é aquele que nos traz a vida
verdadeira, vibrante, feliz, abundante, propondo-nos fazer nobre uso dela, a
fim de que n’Ele possamos viver para sempre.
***
A vida são as contínuas e sucessivas
etapas reencarnatórias, em cujo curso cada um é o arquiteto do próprio destino,
construtor da desgraça ou da felicidade que todos buscamos.
(Do
livro "Quem é o Cristo?", Cap. 22, Editora Fráter Livros Espíritas.)
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